Por que blogueiras se vestem como empresárias?

Sabe quando você tem a sensação de que é a única pessoa que não percebeu uma transformação muito importante? Fiquei assim, desnorteada, quando percebi que várias influenciadoras, minhas colegas de profissão, começaram a se declarar empresárias.

Do ponto de vista dos negócios, é um movimento essencial porque, sim, criar conteúdo é um trabalho complexo e ‘vence’ quem concilia diferentes fontes de renda. Tem gente gerenciando uma marca paralela, por exemplo.

Bianca Andrade usa um look completamente branco, com uma grande blazer decotado e calça social comprida. Ela usa sombra escura, batom e jóias. Sua sandália de salto alto é dourada.

Só que eu não vim falar sobre isso. Quero dizer que, tão importante quanto se posicionar enquanto influenciadora empresária, é APARENTAR ser empresária. A estética de “mulher de negócios” tem alguns padrões que consegui identificar, mesmo não tendo experiência ou estudos sobre moda:

  • Blazers para todo lado, além de outras peças nesse padrão de costura, até então conhecidos como ‘mais formais’
  • Maquiagem com cores mais suaves que geralmente reservam o destaque pra boca, porém isso não significa simplicidade. A beleza fica por conta de uma harmonia complexa de sobrancelhas bem desenhadas, cílios alongados e bochechas coradas. Podemos resumir tudo isso na palavra “elegância”.
  • O cabelo costuma ser preso de forma sofisticada, e muita gente já percebeu a frequência da aparição de cabelos lisos. Há quem separe perucas lisas especialmente pra esses looks.
A influenciadora Rayza Nicácio está caminhando de cabelos presos, óculos escuros. Ela veste blazer preto sobre uma blusa branca, uma bermuda  e bolsa pretas. Ela usa uma sandália branca.

A ‘influenciadora empresária’ veio pra quebrar o protocolo. Agora os trajes formais são combinados com bermudas, grandes decotes, shortinhos e saltos incríveis. Elas são a personificação do poder feminino em forma de beleza, sensualidade e, principalmente, autonomia financeira! “Ela faz o dinheiro e o sucesso dela”, esse é o fio condutor invisível dessas postagens.

Conseguem reparar que, se a gente enxergar além do apelo de marketing dessa história, existe uma mensagem muito importante embutida? Em tempos de relacionamentos abusivos e feminicídio, estimular a autonomia feminina tem um peso absurdo, socialmente falando.

Nathália Braga usa um vestido de gola redonda e segura um blazer azul marinho. Ela está usando sombra dourada e um batom marrom

Só que muita gente não vai atingir esse nível de compreensão porque a pressão é cruel. Primeiro, nos comparamos com a realidade das outras pessoas (com razão, a única pessoa que não é milionária nas fotos desta postagem sou eu 🤣), nos sentimos péssimas por não ter dinheiro para acessar essas roupas e procedimentos estéticos, além de a maioria das pessoas também não terem acesso a profissionais de saúde mental. Não é só comprar um blazer que vai salvar a sua autoestima. Mesmo ‘garimpando’ em brechó.

A internet, assim como o cinema, também é feita daqueles padrões que chamamos de arquétipos. A “mulher de negócios” é só uma das ‘fantasias’ que temos usado por aí.

Para essas e outras reflexões, estou em todas as redes sociais como @nathbragap

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